CRIAÇÃO DO SISTEMA MÉTRICO DECIMAL
Nos finais do séc. XVIII, em toda a Europa os sistemas de medidas caracterizavam-se por grande diversidade. Apesar das reformas e tentativas de uniformização que tiveram lugar em diversos países, a realidade da metrologia continuava assente na coexistência de imensos sistemas de medição e inúmeras unidades e medidas com o mesmo nome valendo valores diferentes, consoante o local.
Em França, no início do último quartel do séc. XVIII, o padrão do comprimento era a toesa de Châtelet. Foi com base nesta medida que se fabricaram 2 toesas usadas para medir os arcos do meridiano: uma no Peru (toesa do Peru) e outra na Lapónia (toesa do Norte).
Para o peso, ainda se usava a pilha de Charlemagne, fabricada no final do séc XV.
Em 1766, como a toesa de Châtelet vinha sendo adulterada, Luis XV aprovou a proposta de se adotar como padrão protótipo a toesa do Peru e mandou a Academia das Ciências fabricar 80 cópias para distribuir pelos Procuradores gerais dos Parlamentos. Foi este padrão, que passou a ser conhecido por Toesa da Academia, que se veio a utilizar para definir o metro provisório em 1795 e o metro definitivo em 1799.
Com a Revolução Francesa renovaram-se os estudos para encontrar um sistema mais simples e racional.
Em março de 1790, Talleyrand propôs a criação de um novo sistema de medidas estável, uniforme e simples, baseado no comprimento do pêndulo batendo ao segundo na latitude de 45º.
Dois meses depois, em maio de 1790, a Assembleia Nacional adotou o princípio da uniformização dos pesos e medidas, baseado, precisamente, no pêndulo batendo ao segundo.
Em março de 1791, a Assembleia Constituinte decretou que, no sentido de se conseguir uma unidade de medida natural e invariável, se adaptasse a grandeza do quarto de meridiano terrestre para a base do novo sistema de medição, o qual deveria ser decimal. Para o efeito seriam efetuadas as operações necessárias, nomeadamente a medição de um arco de meridiano, por triangulação, entre Dunquerque e Barcelona.
Embora a guerra com a Espanha tenha interrompido as medições, em 1793 foram aprovados por decreto o mètre para o comprimento, o are para a superfície, o grave (depois gramme) para o peso, a pinte (depois cadil, e em 1795 litre) para o volume e o franco (igual a 1 centigrave de prata) para a moeda.
Em 1795 foi aprovado o sistema métrico decimal, com um padrão de pesos e medidas para toda a República: o metro de platina, que seria a unidade fundamental de todo o sistema de medidas.
Após as medições do arco de meridiano efetuadas por Méchain e Delambre, em 1796-97, conseguiu-se estabelecer o metro definitivo (“une longueur de 3 pieds 11, 296 lignes de la Toise de l’Acadèmie“), a partir do qual se definiu o litro e o kilograma.
Em 10 de Dezembro de 1799 foram aprovados os valores definitivos do mètre e do kilogramme, executados em platina.