O SISTEMA MÉTRICO DECIMAL
Nos finais do séc. XVIII, existiam, na Europa, imensos sistemas de medição, desconexos e incoerentes, os quais não favoreciam as trocas comerciais. Começaram a desenvolver-se esforços no sentido de encontrar sistemas mais racionais e, se possível, com alguma uniformidade que permitisse a sua utilização por diversos estados.
Com a Revolução Francesa, estes esforços desenvolveram-se e, após diversas propostas, em 1791, a Assembleia Constituinte decretou que se utilizaria a grandeza do quarto de meridiano terrestre para a base do novo sistema de medição, de base decimal, obtendo-se assim uma unidade de medida natural e invariável, que veio a ser designada por mètre.
A unidade de volume obteve-se, utilizando um recipiente com a forma de um cubo e arestas com o comprimento de um décimo do mètre (um decímetro cúbico), a qual se veio a chamar litre e a unidade de massa kilogramme foi obtida, enchendo este mesmo recipiente de água destilada, a 5 graus celsius.
No início do Séc. XIX, em Portugal continuavam a utilizar-se os sistemas derivados das reformas de D. Manuel I e D. Sebastião, sendo impossível garantir um rigoroso controlo metrológico.
Só em 1852 se adotou definitivamente o Sistema Métrico em Portugal, através de um Decreto da rainha D. Maria II.
Em 1812 o Príncipe Regente D. João (futuro D. João VI) nomeou uma Comissão para o Exame dos Forais e Melhoramentos da Agricultura, a qual recomendou a reforma do sistema de pesos e medidas. Dos trabalhos, feitos em colaboração com a Academia Real das Ciências resultou a proposta de um sistema baseado no mètre francês, mas com terminologia portuguesa.
Assim, o mètre, em Portugal tinha a designação de vara, sendo a unidade 1/10 da vara,com o nome de mão-travessa. O litre chamar-se-ia canada e o kilogramme teria a designação de libra.
Contudo, este sistema, do qual se mandaram fazer 300 exemplares para distribuir pelo país, nunca chegou a ser utilizado, devido à agitação constante resultante da Revolução Liberal, Guerras Liberais e revoltas populares que caracterizaram a primeira metade do séc. XIX.
A adoção gradual do sistema implicou a criação de novos organismos e uma cadeia de rastreabilidade metrológica. Assim, foi criada a Inspecção Geral dos Pesos e Medidas do Reino, que ficou com os padrões de 1ª classe. Os de 2ª classe seriam enviados para as Inspecções de Pesos e Medidas dos distritos e os de 3ª classe ficariam nas câmaras municipais.
Apesar de diversos contratempos o “novo” sistema foi gradualmente passando a ser utilizado.
Havendo já diversos países a utilizar este sistema, tornou-se necessário garantir a uniformização das medidas. Em 1869, o governo francês convidou numerosos países a participar numa “Convenção Internacional do Metro”.
Participaram 17 países, incluindo Portugal.
Convenção do Metro criou os diversos órgãos responsáveis pela gestão da metrologia a nível internacional que ainda existem (BIPM, CGPM e CIPM) e superintendem a metrologia internacional.